sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Conceitos

Ciberespaço
Embora seja um termo cada vez mais utilizado na mídia e proporcionado pela Internet, o significado dessa expressão vai além da nova tecnologia. Significa todo o conjunto de redes de computadores nas quais circulam todos os tipos de informação, é o espaço não físico constituído pelas tecnologias digitais e surge também como um novo espaço pedagógico.

[...] É o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo (LÉVY 1999. p. 17).

É o novo espaço de comunicação proporcionado pela interconexão mundial de computadores e das memórias dos computadores. Incluindo aí todos os sistemas de comunicação eletrônica que transmitem informações oriundas de fontes digitais ou que sejam destinadas à digitalização.


Cibercultura

É um novo espaço virtual caracterizado por um  conjunto de técnicas, práticas e atitudes proporcionada pelo ciberespaço, onde a cooperação e o compartilhamento na estruturação de uma informação torna-se viável através de uma construção multidirecional, onde todos podem emitir e receber informações e através desta ferramenta, construir um conteúdo. É a forma sociocultural que espelha-se na relação de trocas entre a sociedade, englobando a cultura e as novas tecnologias de base, onde destacamos as comunidades como propulsoras da popularização da internet por exemplo, além de outras tecnologias.



As Redes Sociais e a comunicação hacker

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

RESENHA - Cibercultura de Pierre Lévy


LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad Carlos Irineu Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999. 260 p. (Coleção TRANS)

O filósofo Pierre Lévy nasceu na Tunísia em 1956 e se ocupa em estudar as interações entre o espaço virtual e a sociedade. Levy realizou seus estudos na França, onde fez doutorado em Sociologia e em Ciências da Informação e da Comunicação, hoje é professor titular da cadeira de Pesquisa em Inteligência Coletiva da Universidade de Ottawa, no Canadá. É um dos pensadores mais representativos da revolução digital no mundo contemporâneo prestando serviço a vários governos, organismos internacionais e grandes empresas no tangente às implicações culturais das novas tecnologias.

O livro Cibercultura, uma das principais obras de Pirre Lévy, inclui 18 capítulos e está dividido em três partes intituladas: Definições (5 capítulos), Proposições (8 capítulos) e Problemas (5 capítulos), além da Introdução e da Conclusão. O livro possui como foco central o desenvolvimento das tecnologias digitais da informação e comunicação, abordando as implicações culturais, valores e modos de pensamento desenvolvidos a partir do crescimento do ciberespaço.

Na introdução, Pierre Lévy inicia sua obra afirmando ser um otimista em relação aos benefícios que a tecnologia traz para a sociedade. Ele faz uma analogia com o Dilúvio para exemplificar a ideia de um mar informacional que nos encontramos face a navegação na Internet.

Na primeira parte, Lévy traz aos não familiarizados uma série de definições e conceitos básicos como por exemplo, o que é virtual, digital, hiperdocumentos, multimídia, ciberespaço, correio eletrônico, interatividade, conferência eletrônica e transferência de arquivos. Retrata também acerca dos impactos sociais e culturais das novas tecnologias, tornando a participação do homem necessária na cibercultura. Ainda nesse primeiro momento, o autor trata dos diferentes tipos de interatividade na comunicação e diferentes ambientes de navegação encontrados no World Wide Web.

Na segunda parte, ele integra em 8 capítulos uma abordagem das partes artísticas da cibercultura. Na arte desse espaço o autor retrata dois mundos virtuais: o of-line e o on-line, percorridos e enriquecidos de forma coletiva. O artista do seculo XXI faz surgir o engenheiro desses dois mundos. Traz uma explicação teórica do conceito de universal e de totalidade. Para Lévy a cibercultura é definida pela “universalidade sem totalidade”, ou seja, aceitar a todos e permitir sua interconexão independente, sem direção ou sem centralização de ideias. Para ele o universal não se baseia mais em um sentido único, mas sim pela conexão pelo contato, a “interação geral”. Sendo possível a partir disso, compreender o movimento social propagado na cibercultura, suas formas estéticas e sua relação com o saber e com as reformas educacionais necessárias na cultura do espaço virtual.

A terceira parte está reunida em 5 capítulos. O autor traz uma reflexão dos aspectos negativos da Internet. Discute a crítica da substituição, da dominação, e a crítica da crítica, levando o leitor a uma profunda reflexão acerca do dinamismo da cibercultura, sobre a dialética utópica dos negócios, colocando o ciberespaço a serviço do desenvolvimento individual e regional, a serviço de processos emancipadores e da inteligência coletiva. Fala ainda sobre a manutenção da diversidade das línguas e das culturas, bem como dos problemas de exclusão e desigualdades sociais frentes às novas tecnologias. Por isso se dá a importância da popularização da rede objetivando a inclusão dos que estão a margem da cultural digital.

Afirma que a Web é um imenso espaço digital que se expandi constantemente de forma acelerada. O autor deixa claro que a a partir de metodologias diferentes de se navegar é possível encontrar praticamente tudo por meio da Internet devido ao grande leque de possibilidades informacionais. Além disso, considera a Cibercultura um espaço de interatividade, como um dispositivo livre de comunicação que proporciona aos seus usuários um movimento social de busca da interação global entre os participantes. Levy desde o inicio foi acusado de excesso de otimismo em relação às novas tecnologias, exagerando no prognóstico no que se refere aos benefícios da tecnologia para a sociedade. De fato existe uma noção de que os “dispositivos informacionais e comunicacionais” e o acesso a multimídia funcionam como um diferencial de um verdadeiro suporte de mudanças culturais trazidas pela Internet. Concordo quando transparece a ideia de que a interatividade aumenta as nossas capacidades cognitivas, tanto individuais quanto coletivas. Segundo Levy, o modo de relação entre as pessoas é que vai impulsionar as transformações e não apenas o acesso aos textos, sons, imagens ou quaisquer recursos tecnológicos. Diferente do papel, o texto digital e o ambiente virtual permitem uma nova forma de saber, diferente da anterior. A lógica de aprendizagem do sujeito tornam-se potencialmente imprevisível, pois o enfoque de suporte digital possibilita uma leitura interativa, mais dinâmica e não linear. Porém, isso não significa que os esquemas tradicionais de leitura e de escrita encontram-se em detrimento da lógica dos hipertextos. Não se deve desconsiderar resultados de pesquisas por parte de psicólogos, comunicólogos, linguistas e educadores constatando a dificuldade dos leitores em lidar com os hipertextos e a sua lógica de funcionamento. Dificuldades estas que poderão ser superadas, mas que para o autor essa problemática parece não fazer muito sentido.

O livro trata-se de uma obra clássica, de um autor originário da escola européia, possuindo pensamento direto, simples e objetivo, mas ao mesmo tempo profundo e reflexivo, equilibrando-se, na visão otimista sem desmerecer os aspectos negativos quanto a utilidade das novas tecnologias de comunicação. Trata-se de uma leitura relevante a todos que queiram intensificar as reflexões ocorridas pelas mudanças culturais acarretadas pela expansão das telecomunicações e da informática. Considero também indispensável principalmente para pesquisadores das áreas de Educação, Ciência da Informação, Comunicação, Psicologia e Sociologia. Em obras anteriores deste autor, o mesmo tema é abordado em “O que é Virtual” e “As Tecnologias da Inteligência”. 

Silvia Matos